sexta-feira, 24 de agosto de 2012

PARA A 5ª SÉIRE



Olá turmas!


Nosso próximo tema é a poluição do ar e do solo. Para iniciarmos nossa aula com maior qualidade, sugiro que leiam os textos abaixo para se interarem do assunto. Comece a olhar mais de perto o ambiente onde você mora e identifique focos de poluição, para discutirmos em sala. Bons estudos e até segunda!




 

Poluição

O termo “poluição” refere-se à degradação do ambiente por um ou mais fatores prejudiciais à saúde deste. Ela pode ser causada pela liberação de matéria, e também de energia (luz, calor, som): os chamados poluentes.

Poluição sonora, térmica, atmosférica, por elementos radioativos, por substâncias não biodegradáveis, por derramamento de petróleo e por eutrofização, são alguns exemplos.

Problemas neuropsíquicos e surdez; alterações drásticas nas taxas de natalidade e mortalidade de populações, gerando impactos na cadeia trófica; morte de rios e lagos; efeito estufa; morte por asfixia; destruição da camada de ozônio; chuvas ácidas e destruição de monumentos e acidificação do solo e da água; inversão térmica; mutações genéticas; necrose de tecidos; propagação de doenças infecciosas, dentre outras, são apenas algumas das consequências da poluição.

O marco desse problema foi a Revolução Industrial, trazendo consigo a urbanização e a industrialização. Com a consolidação do capitalismo, propiciado por este momento histórico, o incentivo à produção e acúmulo de riquezas, aliada à necessidade aparente de se adquirir produtos novos a todo o momento, fez com que a ideia de progresso surgisse ligada à exploração e destruição de recursos naturais.

Como se não bastasse este fato, a grande produção de lixo gerado por esta forma de consumo ligada ao desperdício e descarte, faz com que tenhamos consequências sérias. A fome e a má qualidade de vida de alguns, em detrimento da riqueza de outros, mostra que nosso planeta realmente não está bem. Em um mundo onde a maior parte de lixo produzido é de origem orgânica, muitas pessoas têm, como única fonte de alimento, aquele oriundo de lixões a céu aberto.

Assim, para que consigamos garantir um futuro digno ao nosso planeta e, consequentemente, às gerações de populações vindouras, devemos repensar nossa forma de nos relacionarmos com o mundo. O simples fato de, por exemplo, evitarmos sacolas e materiais descartáveis feitos de plástico, poderia ter impedido a formação da camada flutuante de 1000 km com 10 metros de profundidade que compromete a vida de organismos que têm o Oceano Pacífico como habitat.

Fonte:  Mariana Araguaia - Equipe Brasil Escola - http://www.brasilescola.com/biologia/poluicao.htm

 

Poluição do ar

Introdução

 
A partir de meados do século XVIII, com a Revolução Industrial, aumentou muito a poluição do ar. A queima do carvão mineral despejava na atmosfera das cidades industriais europeias, toneladas de poluentes. A partir deste momento, o ser humano teve que conviver com o ar poluído e com todos os prejuízos advindos deste "progresso". Atualmente, quase todas as grandes cidades do mundo sofrem os efeitos daninhos da poluição do ar. Cidades como São Paulo, Tóquio, Nova Iorque e Cidade do México estão na lista das mais poluídas do mundo.

Geração da poluição

A poluição gerada nas cidades de hoje são resultado, principalmente, da queima de combustíveis fósseis como, por exemplo, carvão mineral e derivados do petróleo ( gasolina e diesel ). A queima destes produtos tem lançado uma grande quantidade de monóxido de carbono e dióxido de carbono (gás carbônico) na atmosfera. Estes dois combustíveis são responsáveis pela geração de energia que alimenta os setores industrial, elétrico e de transportes de grande parte das economias do mundo. Por isso, deixá-los de lado atualmente é extremamente difícil.

 
Problemas gerados pela poluição

 
Esta poluição tem gerado diversos problemas nos grandes centros urbanos. A saúde do ser humano, por exemplo, é a mais afetada com a poluição. Doenças respiratórias como a bronquite, rinite alérgica, alergias e asma levam milhares de pessoas aos hospitais todos os anos. Outros problemas de saúde são: irritação na pele, lacrimação exagerada, infecção nos olhos, ardência na mucosa da garganta e processos inflamatórios no sistema circulatório (quando os poluentes chegam à circulação). (Em dias secos e com poluição do ar alta, é recomendado beber mais água do que o normal evitar atividades físicas ao ar livre, utilizar umidificador dentro de casa (principalmente das 10h às 16h) e limpar o chão de casa com pano úmido).

A poluição também tem prejudicado os ecossistemas e o patrimônio histórico e cultural em geral. Fruto desta poluição, a chuva ácida mata plantas, animais e vai corroendo, com o tempo, monumentos históricos. Recentemente, a Acrópole de Atenas teve que passar por um processo de restauração, pois a milenar construção estava sofrendo com a poluição da capital grega.

O clima também é afetado pela poluição do ar. O fenômeno do efeito estufa está aumentando a temperatura em nosso planeta. Ele ocorre da seguinte forma: os gases poluentes formam uma camada de poluição na atmosfera, bloqueando a dissipação do calor. Desta forma, o calor fica concentrado na atmosfera, provocando mudanças climáticas. Futuramente, pesquisadores afirmam que poderemos ter a elevação do nível de água dos oceanos, provocando o alagamento de ilhas e cidades litorâneas. Muitas espécies animais poderão ser extintas e tufões e maremotos poderão ocorrer com mais frequência.

 
Soluções e desafios

 
Apesar das notícias negativas, o homem tem procurado soluções para estes problemas. A tecnologia tem avançado no sentido de gerar máquinas e combustíveis menos poluentes ou que não gerem poluição. Muitos automóveis já estão utilizando gás natural como combustível. No Brasil, por exemplo, temos milhões de carros movidos a álcool, combustível não fóssil, que poluí pouco. Testes com hidrogênio tem mostrado que num futuro bem próximo, os carros poderão andar com um tipo de combustível que lança, na atmosfera, apenas vapor de água.

 
Curiosidades:

 
- Cidades do mundo com o ar mais poluído: Pequim (China), Karachi (Paquistão), Nova Délhi (Índia), Katmandu (Nepal), Lima (Peru), Arequipa (Peru) e Cairo (Egito)

- Cidades do mundo com o ar mais limpo: Calgary (Canadá), Honolulu (Estados Unidos), Helsinque (Finlândia), Wellington (Nova Zelândia), Mineápolis (Estados Unidos) e Adelaide (Austrália).

 

- 14 de agosto é o Dia de Controle da Poluição Industrial.

 

 

Na região onde você mora tem poluição?

Tire fotos dessa área e leve para a classe para produzirmos um painel com as imagens.


 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Floresta Amazônica

Introdução

Situada na região norte da América do Sul, a floresta amazônica possui uma extensão de aproximadamente 7 mil quilômetros quadrados, espalhada por territórios do Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. Porém, a maior parte da floresta está presente em território brasileiro (estados do Amazonas, Amapa, Rondônia, Acre, Pará e Roraima). Em função de sua biodiversidade e importância, foi apelidada de o "pulmão do mundo".

Conhecendo a floresta

É uma floresta tropical fechada, formada em boa parte por árvores de grande porte, situando-se próximas uma das outras (floresta fechada). O solo desta floresta não é muito rico, pois possui apenas uma fina camada de nutrientes. Esta é formada pela decomposição de folhas, frutos e animais mortos. Este rico húmus é matéria essencial para as milhares de espécies de plantas e árvores que se desenvolvem nesta região. Outra característica importante da floresta amazônica é o perfeito equilíbrio do ecossistema. Tudo que ela produz é aproveitado de forma eficiente. A grande quantidade de chuvas na região também colabora para o seu perfeito desenvolvimento.

Como as árvores crescem muito juntas uma das outras, as espécies de vegetação rasteira estão presentes em pouca quantidade na floresta. Isto ocorre, pois com a chegada de poucos raios solares ao solo, este tipo de vegetação não consegue se desenvolver. O mesmo vale para os animais. A grande maioria das espécies desta floresta vive nas árvores e são de pequeno e médio porte. Podemos citar como exemplos de animais típicos da floresta amazônica: macacos, cobras, marsupiais, tucanos, pica-paus, roedores, morcegos entre outros. Os rios que cortam a floresta amazônica (rio amazonas e seus afluentes) são repletos de diversas espécies de peixes.

O clima que encontramos na região desta floresta é o equatorial, pois ela está situada próxima à linha do equador. Neste tipo de clima, as temperaturas são elevadas e o índice pluviométrico (quantidade de chuvas) também. Num dia típico na floresta amazônica, podemos encontrar muito calor durante o dia com chuvas fortes no final da tarde.

Problemas atuais enfrentados pela floresta amazônica:

Um dos principais problemas é o desmatamento ilegal e predatório. Madereiras instalam-se na região para cortar e vender troncos de árvores nobres. Há também fazendeiros que provocam queimadas na floresta para ampliação de áreas de cultivo (principalmente de soja). Estes dois problemas preocupam cientistas e ambientalistas do mundo, pois em pouco tempo, podem provocar um desequilíbrio no ecossistema da região, colocando em risco a floresta.

Outro problema é a biopirataria na floresta amazônica. Cientistas estrangeiros entram na floresta, sem autorização de autoridades brasileiras, para obter amostras de plantas ou espécies animais. Levam estas para seus países, pesquisam e desenvolvem substâncias, registrando patente e depois lucrando com isso. O grande problema é que o Brasil teria que pagar, futuramente, para utilizar substâncias cujas matérias-primas são originárias do nosso território.

Com a descoberta de ouro na região (principalmente no estado do Pará), muitos rios estão sendo contaminados. Os garimpeiros usam o mercúrio no garimpo, substância que está contaminando os rios e peixes da região. Índios que habitam a floresta amazônica também sofrem com a extração de ouro na região, pois a água dos rios e os peixes são importantes para a sobrevivência das tribos.
 
 
 
Para os alunos da EJA
 
Questões abordadas na aula de 21/08, para conhecer e refletir.
A Floresta Amazônica é um bioma ou ecossistema que se estende por vários estados do Brasil e alguns países da América do Sul. Não está restrito ao estado do Amazonas.
 
Ecossistema: (grego oikos (οἶκος), casa + systema (σύστημα), sistema: sistema onde se vive) designa o conjunto formado por todas as comunidades que vivem e interagem em determinada região e pelos fatores abióticos que atuam sobre essas comunidades.
Consideram-se como fatores bióticos os efeitos das diversas populações de animais, plantas e bactérias umas com as outras e abióticos os fatores externos como a água, o sol, o solo, o gelo, o vento.

 
Biodiversidade ou diversidade biológica: é a diversidade da natureza viva. Pode ser definida como a variedade e a variabilidade existente entre os organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais elas ocorrem.

 
Húmus ou humo é a matéria orgânica depositada no solo, resultante da decomposição de animais e plantas mortas, ou de seus subprodutos (fezes, pêlos, pele etc).
O processo de formação do húmus é chamado humificação e pode ser natural, quando produzido espontâneamente por bactérias e fungos do solo (os organismos decompositores), ou artificial, quando o homem induz a produção de húmus, adicionando produtos químicos e água a um solo pouco produtivo. Vários agentes externos como a humidade e a temperatura contribuem para a humificação.
Na formação do húmus há liberação de diversos nutrientes, mas é de especial consideração a liberação de nitrogênio.

 
Decomposição: Em biologia e ecologia, decomposição, mineralização e em alguns casos, apodrecimento, é o processo de transformação da matéria orgânica em minerais, que podem ser assimilados pelas plantas para a produção de matéria viva, fechando assim os ciclos biogeoquímicos. Este processo, não só fornece aos ecossistemas os compostos necessários ao desenvolvimento dos produtores primários, mas liberta-o igualmente de material que, se acumulado, poderia prejudicá-lo.
  
Fotossíntese é um processo físico-químico realizado pelos seres vivos clorofilados (que tem clorofila, pigmento verde), em que eles utilizam dióxido de carbono, sais minerais e água, para obter glicose através da energia da luz. 12H2O + 6CO2 → 6O2 + 6H2O + C6H12O6. (12 Moléculas de água + 6 molécula de dióxido de carbono = 6 moléculas de oxigênio + 6 moléculas de água + glicose). Este é um processo do anabolismo, em que a planta acumula energia a partir da luz para uso no seu metabolismo (crescimento e desenvolvimento), formando adenosina tri-fosfato, o ATP, a moeda energética dos organismos vivos. A fotossíntese inicia a maior parte das cadeias alimentares na Terra. Sem ela, os animais e muitos outros seres heterotróficos (não produzem seu próprio alimento) seriam incapazes de sobreviver porque a base da sua alimentação estará sempre nas substâncias orgânicas proporcionadas pelas plantas verdes.

 
Anabolismo (do grego: ana = para cima; ballein = lançar) é a parte do metabolismo que conduz à síntese de moléculas complexas substâncias a partir de moléculas mais simples. Alguns exemplos são a produção de açúcares pelas plantas a partir da fotossíntese e a síntese proteica.
 
 
Biopirataria: é a exploração, manipulação, exportação e/ou comercialização internacional de recursos biológicos que contrariam as normas da Convenção sobre Diversidade Biológica, de 1992.
As informações de um grupo de indivíduos acumuladas por anos, portanto, são bens coletivos; e não simplesmente mercadorias podem ser comercializadas como qualquer objeto de mercado.

Fonte: Wikipedia. http://pt.wikipedia.org


Questões:

1- Por quais estados e países se estende a Floresta Amazônica?

2- Por que a Floresta Amazônica pode ser considerada o “pulmão do mundo”?

 3- Sabemos que, em sua cosntituição, o solo amazônico é pobre, o que promove a fertilidade do solo da Floresta Amazônica, favorecendo a sua rica biodiversidade?

4- Por que, apesar de sua extenção, há pouca vegetação rasteira presente no solo amazônico?

5- Qual a importancia da fotossíntese para os organismos vivos do planeta?

6- O que acontecerá ao solo da Floresta Amazônica e à sua rica biodiversidade se a floresta continuar sendo devastada por desmatamentos e queimadas?

7- Por que a quantidade de chuva nessa floresta é abundante?

8- Quais as consequências provocadas pela biopirataria?

9- Quais os danos ao ambiente produzidos pelo garimpo nessa região?

10- Como as águas superficiais e subterrâneas dessa região ou do país podem ser afetadas por essa prática?





 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Álcool ou gasolina


Álcool



O álcool corresponde a um líquido transparente, com cheiro forte e sem cor, cuja característica principal é a capacidade de ser queimado, ou seja, é um líquido inflamável.

Na composição do álcool encontramos átomos dos seguintes elementos: hidrogênio, carbono e oxigênio. A queima do álcool dá origem aos produtos água, gás carbônico e muita energia.

Os álcoois mais conhecidos são o metanol e etanol. O metanol é perigoso por ser tóxico, pode provocar cegueira e até matar. O etanol é mais conhecido por álcool etílico, e é produzido por fermentação a partir da cana de açúcar. O processo consiste em fermentar a cana de açúcar pela ação de bactérias e fungos.

A cana-de-açúcar não é a única matéria prima existente para a produção de álcool combustível, em outros países, ele é extraído do milho, da beterraba e até da madeira.



Vantagens do etanol:



1- Alto índice de octonas: Chamamos octonagem o poder de resistência à compressão da mistura ar-vapor de combustível dentro do motor.

2- Libera grande quantidade de energia ao ser queimado: O poder calorífico do álcool combustível é de 6300 cal/g. Num motor de combustão interna, é o vapor de combustível que sofre combustão, por isso, um combustível é bom quanto maior for sua facilidade em passar para o estado gasoso.

3 - Apresenta preço acessível: O álcool foi uma solução brasileira como alternativa ao petróleo, é um combustível ecologicamente correto, o álcool não afeta a camada de ozônio e é obtido de fonte renovável.



Vantagens e desvantagens do uso do álcool combustível:

Vantagens

·         Menor dependência de combustíveis fósseis importados, e da variação do preço dos mesmos.

·         Menor emissão de poluentes, já que grande parte dos poluentes resultantes da queima do combustível no motor são reabsorvidos no ciclo de crescimento da cana de açúcar, e os resíduos das usinas são totalmente reaproveitados na lavoura e na indústria.

·         Maior geração de empregos, sobretudo no campo, diminuindo a evasão rural e o "inchamento" das grandes cidades.

·         Os subprodutos da cana são utilizados no próprio ciclo produtor de álcool, como fonte de energia elétrica obtida pela queima do bagaço, e como fertilizante da terra utilizada no plantio, através do chamado vinhoto, tornando uma usina de álcool auto dependente.

·         Fonte de geração de divisas internacionais, sobretudo em tempos de escassez de petróleo e consciência ecológica.

·         Em relação ao ambiente: o álcool é um combustível ecologicamente correto, não afeta a camada de ozônio e é obtido de fonte renovável. A diferença começa na sua queima, ela emite menos gases poluentes na atmosfera, pelo fato do álcool ser derivado da cana-de-açúcar e não do petróleo.


Desvantagens do uso do álcool de combustível;

·        
Dissolve parte da película lubrificante de óleo do interior dos cilindros;

·         Pela alta taxa de enxofre, facilita a formação de ácido sulfúrico dentro do motor, o que provoca desgastes das peças internas.

·         Em comparação com o álcool e o GNV, é o combustível que gera maior emissão de poluentes;

·         Exige ficar atento ao nível do reservatório de partida a frio.

·         Tem maior poder corrosivo que a gasolina;

·         Pelo menor poder calorífico que a gasolina, gera um consumo maior.


Gasolina

A gasolina é o carburante mais utilizado atualmente nos motores endotérmicos, sendo uma mistura de hidrocarbonetos (compostos orgânicos que contém átomos de carbono e hidrogênio) obtidos do petróleo bruto, por intermédio de vários processos como o “cracking”, destilação e outros. Os hidrocarbonetos que compõem a gasolina são formados por moléculas de menor cadeia carbônica (normalmente cadeias de 4 a 12 átomos de carbono).

A gasolina pode conter (em menor quantidade) substâncias cuja fórmula química contém átomos de nitrogênio, enxofre, metais, oxigênio, etc. Esse combustível é um líquido volátil e inflamável, a faixa de destilação da gasolina automotiva varia de 30 a 220 °C.

Essas gasolinas possuem aditivos que visam melhorar a performance do combustível, como:

1. Inibidor de corrosão: agente que protege as zonas de circulação de combustível de forma a reduzir a corrosão provocada;

2. Detergente: reduz os depósitos no sistema de injeção e no motor de forma a melhorar a combustão;

3. Agente veículo (solvente sintético): é muito estável a altas temperaturas, por isso provoca resíduos minúsculos durante a combustão que se realiza na câmara de combustão do motor;

4. Desmulsificante: esse aditivo promove a separação da água no sistema de distribuição e armazenagem do combustível, de forma a diminuir a corrosão daí resultante.

O grande crescimento da produção de gasolina é produto do desenvolvimento da indústria automobilística. Este crescente aumento é possível através do refino e também de processos de transformação de frações pesadas. Esses processos fazem aumentar o rendimento total do produto em relação ao petróleo no estado puro.

As empresas petrolíferas são as responsáveis pela fabricação das diversas frações de petróleo constituintes da gasolina e pela mistura dos aditivos, mas é válido ressaltar que este trabalho é feito através de formulações convenientemente definidas para atender aos requisitos de qualidade do produto.



Vantagens e desvantagens do uso da gasolina;

Vantagens:

·         Quando a gasolina é o combustível utilizado na combustão do motor, o arranque e desenvolvimento do carro é mais eficiente que um motor a Diesel;

·         A utilização de gasolina com aditivos ajuda a limpar e manter limpos os sistemas de injeção. O que significa que com o sistema de injeção limpo o desgaste das peças diminui protegendo o motor;

·         A gasolina com maior octanagem, queima de forma mais eficiente no motor, resultando em alguns cavalos a mais de potência em alguns veículos. Este combustível é o resultado de um processo mais apurado no refino do petróleo, em que são eliminadas impurezas naturais que podem prejudicar a combustão.

·          A gasolina também tem a vantagem de ser um combustível extraído em grandes proporções do petróleo, por isso o seu uso generalizado no mundo todo. Também possui um rendimento energético razoável em relação à alguns combustíveis renováveis como o álcool ou mesmo à outros combustíveis fósseis.

Desvantagens:

·         A principal desvantagem do uso deste tipo de combustível é o seu preço. Em Portugal qualquer tipo de gasolina é mais cara que o Diesel e o GPL.

·         Fonte esgotável, pois depende do petróleo.

Produtos da combustão da gasolina:

·         Dióxido de carbono (CO2): gás perigoso que contribui para o efeito estufa e o aquecimento global.

·         Monóxido de carbono (CO): formado pela combustão incompleta. Isso ocorre por que não há oxigênio suficiente disponível para reagir rápida e completamente com todo o carbono disponível na gasolina, gerando assim resíduos poluentes.



Entre no comentário e responda.

Qual combustível você utilizaria e por que?
Não esqueça de defender sua opinião com argumentos concretos.

domingo, 19 de agosto de 2012

Encontro Internacional de Educação

 Entre no site, inscreva-se e participe das atividades promovidas pela Fundção Telefônica, com direito a certificação digital.

Nesta terça-feira, teremos o primeiro debate com tradução para o português no Encontro Internacional de Educação, promovido pela Fundação Telefônica Vivo e que conta com a produção executiva do Instituto Paramitas.

Terça-feira, dia 21/08
Educação Emocional, com Rafael Bisquerra (Espanha)
às 12h


Participem e divulguem!

www.encontro.educarede.org.br

Vencendo na Raça

Vencendo na raça

Pesquisas revelam que o racismo sempre esteve associado à dominação de um povo sobre outro, mas as diferenças entre as raças vão pouco além das que se vê na imagem.

Poucas coisas mudaram no mundo nos últimos 100 mil anos. Naquela época, os primeiros seres humanos modernos surgiam na África e começavam a se espalhar por outros continentes. Eles eram praticamente idênticos aos mais de 6 bilhões de pessoas que habitam hoje o planeta. De lá para cá, os únicos retoques que a nossa espécie sofreu foram pequenas adaptações aos diferentes ambientes mudanças exteriores para lidar melhor com lugares mais frios, secos ou com ventos mais fortes. O lado triste dessa incrível capacidade de adaptação é que as diferenças físicas foram usadas para avaliar pessoas à primeira vista e atribuir-lhes qualidades e defeitos. Milhões foram escravizados, mortos ou discriminados por causa da aparência física.
Por que só agora os cientistas começam a entender as diferenças entre os seres humanos? Tanta demora para tratar do assunto tem um motivo: as primeiras tentativas científicas de analisar as raças humanas levaram quase sempre à conclusão de que algumas eram mais inteligentes e criativas ou seja, superiores às outras. O resultado foram as tentativas de criar uma raça pura e as ideologias que levaram a genocídios. As tragédias geradas por essas teorias fizeram a ciência aceitar que as raças não tinham nada de biológico e que eram apenas um produto da sociedade. O que vemos agora é a tendência de volta à biologia, diz o antropólogo João Baptista Borges Pereira, da Universidade de São Paulo (USP).
Os cientistas estão confiantes que dessa vez o resultado será diferente. Estudar as diferenças humanas é perigoso porque sempre existirão pessoas que distorcerão os estudos, mas acredito que os cientistas e o público amadureceram o suficiente para seguirmos com as pesquisas, diz a antropóloga Nina Joblonski, da Academia de Ciências da Califórnia, Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, as ciências humanas avaliam como o racismo é difundido e prejudicial. Nesse ponto, o Brasil está entre os piores países do mundo. O problema é complexo, mas podemos amenizá-lo. Só que, antes, é preciso saber como tudo começou.
Como nos tornamos diferentes?
Ao contrário dos chimpanzés e demais primatas, o homem não possui cabelo por todo o corpo. A adaptação provavelmente surgiu por volta de 1,6 milhão de anos atrás para esfriar o corpo de alguns dos nossos primeiros ancestrais, que começavam a se tornar mais ativos e fazer longas caminhadas. Uma mudança levou a outra: células que produziam melanina, antes restritas a algumas partes descobertas, se espalharam por toda a epiderme. Além de tornar a pele escura, a melanina absorve os raios ultravioleta do Sol e faz com que percam energia. Os cientistas acreditavam que esse traço havia evoluído para evitar cânceres de pele, mas a teoria esbarrava no fato de que esse mal costuma surgir em idade avançada, depois que as pessoas já tiveram filhos, e portanto dificilmente alteraria a evolução. Até que, em 1991, Nina Joblonski encontrou estudos que mostravam que pessoas de pele clara expostas à forte luz solar tinham níveis muito baixos de folato.
A deficiência dessa substância em mulheres grávidas pode levar a graves problemas de coluna em seus filhos. Além disso, o folato é essencial em atividades que envolvam a proliferação rápida de células, como a produção de espermatozóides. Nos ambientes próximos à linha do Equador, a pele negra era uma boa forma de manter o nível de folato no corpo, diz a antropóloga.
Enquanto os humanos modernos estavam restritos à África, a melanina funcionava bem para todos. Eles eram um grupo bastante homogêneo, porque, por motivos desconhecidos, os primeiros humanos estiveram perto da extinção há cerca de 200 mil anos, com talvez não mais de 20 mil pessoas. Posteriormente, a descoberta de novas ferramentas e o crescimento da população tornou a África pequena demais para eles e, cerca de 100 mil anos atrás, os homens modernos chegaram à Ásia. De lá se espalharam para a Oceania, depois para a Europa e, há pelo menos 15 mil anos, à América.
Nas regiões menos ensolaradas, a pele negra começou a bloquear demais os raios ultravioleta. Esse tipo de radiação é nocivo em quase todos os aspectos, mas tem um papel essencial no organismo: iniciar a formação na pele de vitamina D, necessária para o desenvolvimento do esqueleto e a manutenção do sistema imunológico. A tendência então foi que populações que migraram para regiões menos ensolaradas desenvolvessem pele mais clara para aumentar a absorção de raios ultravioleta. Em regiões intermediárias, o truque evolutivo foi o bronzeamento uma camada temporária de melanina para proteger o folato em épocas de sol e produzir vitamina D quando ele não fosse tão forte. Ou seja, de acordo com os novos estudos, a cor da pele é apenas uma forma de regular nutrientes.
Adaptações ao clima afetam primordialmente características superficiais. A interface entre o interior e o exterior têm papel fundamental na troca de calor de dentro para fora, e vice-versa, afirma o geneticista italiano Luigi Luca Cavalli-Sforza, um dos pioneiros no estudo de genética de populações, em seu livro Genes, Povos e Línguas. Ao se espalhar pelo mundo, os seres humanos tiveram que lidar com todo tipo de ambiente e o principal elemento a se adaptar aos extremos de temperatura, umidade, iluminação e ventos do planeta foi a aparência. Um exemplo é o tamanho do corpo: em regiões quentes é vantajoso ser baixo como os pigmeus ou alongado como os quenianos, com a superfície do corpo grande quando comparada ao volume, o que facilita a evaporação do suor. O cabelo encarapinhado ajuda a reter o suor no couro cabeludo e a resfriá-lo. O oposto ocorre em regiões frias como a Sibéria.
O corpo e a cabeça dos mongóis, que se desenvolveram por lá, tendem a ser arredondados para guardar calor, o nariz, pequeno para não congelar, com narinas estreitas para aquecer o ar que chega aos pulmões, e os olhos, alongados e protegidos do vento por dobras de pele.
A origem de muitas características, no entanto, permanece desconhecida. Muitas delas podem ter surgido por serem consideradas belas ou simplesmente por acaso. Populações de nativos da América, por exemplo, devem ter passado por momentos em que se reduziram a algumas dezenas de indivíduos, o que eliminaria os traços menos comuns, como alguns tipos sangüíneos. Há também a influência da cultura: algumas mudanças podem não ter ocorrido porque os homens já tinham meios de se proteger do ambiente. Ainda não sabemos se a maioria dos traços foi fruto da adaptação ou da sorte, mas é provável que os estudos do genoma humano expliquem muitos deles nos próximos dez anos, diz a antropóloga Nina Joblonski.
As modificações, no entanto, não foram muito além da aparência, graças à homogeneidade da população humana em seus primórdios e ao pouco tempo que ela teve para evoluir desde então (cerca de 7 500 gerações). Os poucos traços que mudaram também não estão ligados entre si, o que permitiu que uma mesma pessoa tenha características de diferentes etnias e criou um contínuo de cores entre as populações. Entretanto, a visão é o sentido mais apurado do ser humano e o fato de essas diferenças estarem na aparência levou muitos a considerá-las profundas.
Existem raças humanas?
Em 1758, o botânico sueco Carolus Linnaeus o criador do atual sistema de classificação dos seres vivos deu à humanidade o nome científico de Homo sapiens e a dividiu em quatro subespécies: os vermelhos americanos, geniosos, despreocupados e livres; os amarelos asiáticos, severos e ambiciosos; os negros africanos, ardilosos e irrefletidos, e os brancos europeus, evidentemente, ativos, inteligentes e engenhosos. Estava aberta a discussão sobre a existência de raças humanas e o valor de cada uma. No entanto, essas características nunca foram comprovadas e a principal conseqüência desse tipo de idéia foram as câmaras de gás nazistas, o que levou os cientistas do século 20 a acreditar que todas as diferenças entre humanos estavam na cultura. A idéia de que as raças humanas não existem biologicamente foi reforçada nos anos 70, quando pesquisas analisaram as diferenças entre as proteínas de diversas populações.
Os seres humanos estavam muito longe de apresentar uma diversidade comparável à de espécies que de fato possuem raças, como elefantes ou ursos. Na verdade, a diferença genética entre dois chimpanzés de uma mesma colina na África pode ser maior que o dobro da existente entre os 6 bilhões de humanos do planeta.
Faltava apenas uma medida precisa da grande semelhança existente entre nós, e ela finalmente apareceu em dezembro do ano passado. Uma equipe de sete pesquisadores dos Estados Unidos, França e Rússia comparou 377 partes do DNA de 1 056 pessoas de 52 populações de todos os continentes. O placar final: entre 93% e 95% da diferença genética entre os humanos é encontrada nos indivíduos de um mesmo grupo e a diversidade entre as populações é responsável por 3% a 5%. Ou seja, dependendo do caso, o genoma de um africano pode ter mais semelhanças com o de um norueguês do que com alguém de sua cidade. O estudo também mostrou que não existem genes exclusivos de uma população, nem grupos em que todos os membros tenham a mesma variação genética. A diversidade entre as populações está nas diferentes freqüências de traços que são encontrados em todo lugar, diz o biólogo Noah Rosemberg, da Universidade do Sul da Califórnia, Estados Unidos, um dos autores do trabalho.
O estudo, entretanto, levantou um aspecto polêmico: há, de fato, uma relação entre o grupo de origem de uma pessoa e seu genoma. Em outras palavras, a ancestralidade declarada por alguém reflete uma diferença genética, mesmo que, como dissemos há pouco, essa diversidade seja de apenas 3% a 5% da que existe entre os humanos. Existem claramente diferenças entre populações que são visíveis no genoma. Algumas pessoas podem chamar isso de raça, outras não, mas o fato é que a diversidade existe, apesar de representar uma fração bem pequena da nossa constituição genética, diz Rosemberg.
A questão já era muito discutida pelos médicos. Para alguns, mesmo que as raças não existam, a etnia de uma pessoa pode fornecer pistas que facilitem o diagnóstico de doenças. Outros acham que usar raças na medicina não só é inútil como perigoso. A polêmica ganhou força com a publicação no ano passado de uma pesquisa que afirmava que o enalapril, um remédio para problemas cardíacos crônicos, funcionava menos em negros que em brancos.
Existem de fato doenças mais comuns em algumas etnias. Um exemplo é a hemocromatose, uma desordem na metabolização de ferro, que ocorre em 7,5% dos suecos mas é quase inexistente em chineses ou indianos. Os negros americanos também sofrem mais de doenças cardiovasculares, mas o motivo ainda é desconhecido: pode ser um traço hereditário ou o resultado de mais tensões e menos acesso a serviços de saúde. Qualquer que seja a explicação, não podemos generalizar os resultados. Cada país tem uma composição genética diferente, que varia de acordo com a história e a interação entre os grupos que para lá migraram, afirma o geneticista Sérgio Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Mesmo que a raça seja um recurso útil para prever o risco de doenças, muitos médicos acreditam que seria melhor abandoná-la em prol de uma análise mais rigorosa da ascendência. Não se sabe ao certo se usar raças na medicina é melhor do que não usar nenhuma informação sobre ancestralidade. Nós preferimos usar classificações mais específicas, que chamamos de populações, diz Rosemberg. A única semelhança, por exemplo, entre os negros do Sri Lanka, da Nigéria e do norte da Austrália é a cor da pele. A categoria ainda teria a vantagem de lidar melhor com sociedades mais miscigenadas. Se você permitir que as pessoas declarem múltiplas ancestralidades, terá boas chances de determinar as diferenças genéticas, afirma Rosemberg.
As novas técnicas de análise genética, no entanto, abrem a possibilidade de se abandonarem de vez as classificações raciais em prol de critérios mais precisos. Nós precisamos simplesmente olhar todos os humanos como um enorme conjunto de genes e ver se conseguimos achar alguns grupos, que provavelmente não corresponderão à divisão clássica de raças, diz Nina Joblonski. O geneticista David Goldstein, da University College, em Londres, Inglaterra, estudou a resposta a remédios em seis grupos étnicos clássicos. O resultado foi melhor quando, em vez de considerar as populações, ele reagrupou os indivíduos de acordo com semelhanças genéticas. Como os seres humanos são muito parecidos, um remédio que funcione para uma população sempre encontrará pessoas em outros grupos que também podem se beneficiar dele. No final, para cada característica poderíamos ter um novo agrupamento.
Assim como a Terra pode ser descrita por muitos tipos de mapa do topológico ao econômico é possível dividir as variações genéticas de infinitas maneiras e ressaltar qualquer similaridade ou diferença desejada. Se sobrepusermos todos os mapas, cada pessoa será única.
Qualquer que seja a conclusão a que os médicos e biólogos cheguem, as raças vão continuar existindo para quem estuda as ciências humanas. Os brasileiros acreditam em raças e agem de acordo com elas. Então elas existem, afirma o sociólogo Antonio Sérgio Alfredo Guimarães, da USP. Elas são uma categoria de exclusão e dominação que traz problemas na realidade. Mesmo que não existam biologicamente, elas criam vítimas, diz o antropólogo Kabengele Munanga, também da USP. Ou seja, ao menos na cabeça das pessoas, as raças são bem reais.
Qual a origem do racismo?
Muitos cientistas acreditam que o etnocentrismo seja universal. Os mitos de origem de alguns nativos brasileiros trazem bons exemplos. Os índios urubus, que habitam o vale do Pindaré, no Maranhão, acreditavam que todos os homens vieram da madeira, só que eles vieram das boas, enquanto seus vizinhos se originaram das podres. Não existe nenhum relato de sociedades tribais que não tenha etnocentrismo, diz João Baptista Borges Pereira, da USP. O motivo é simples: esse tipo de idéia reforça os laços entre os grupos, estabelece fronteiras entre eles e os outros e, de quebra, levanta o moral das pessoas. Na década de 50, por exemplo, um índio kadiweu tribo famosa por não mostrar admiração por qualquer coisa que não fosse de seu grupo foi levado ao topo da sede do Banespa, um dos edifícios mais altos de São Paulo e com uma arquitetura ousada para a época. A reação foi: É apenas uma casa em cima da outra. Quem faz uma, faz 100.
A característica é tão disseminada que levou psicólogos a pensar que as pessoas são programadas para discriminar grupos. Um experimento feito por três psicólogos evolutivos da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, mostrou a alguns participantes fotos de brancos e negros junto com partes de diálogo e frases desconexas. Quando pediu que identificassem o autor das frases, metade dos participantes utilizou a raça para fazer seu julgamento. A idéia é que o racismo seria uma tendência do ser humano de formar grupos de alianças com qualquer pista que ele tiver, como cor da pele, roupa ou sotaque. A boa notícia é que o preconceito pode ser facilmente dissolvido ou substituído por outro. Quando os negros e brancos que apareciam nas fotos recebiam camisetas de cores diferentes, as cobaias praticamente deixavam de classificá-los pela raça.
O preconceito é tão antigo quanto a humanidade, mas o racismo parece não ter mais de 500 anos. Antes disso, a discriminação era feita em relação à cultura e ao diferente, diz o antropólogo Kabengele Munanga. Os gregos chamavam de bárbaro qualquer pessoa que não falasse sua língua, mas quem a aprendesse não teria complicações. O problema começa a mudar no final do século 15, quando a Inquisição espanhola obriga os judeus a se converterem ao catolicismo. Muitos desses cristãos-novos continuam a praticar os seus ritos, o que leva os católicos a acreditar que havia algo no sangue judeu que impedia a conversão. A solução era evitar a miscigenação para que esse sangue não se espalhasse pela população. Na mesma época, os europeus chegam à África e à América e encontram um tipo de ser humano completamente diferente do que eles conheciam. Até então, a humanidade era a Europa. O conceito de branco não existia antes de eles conhecerem o negro, diz Kabengele.
O encontro trouxe novos dilemas. Os teólogos da época discutiam se os índios tinham alma com o objetivo de saber, por exemplo, se ter relações sexuais com eles era pecado. Eles também chegaram à conclusão de que escravizar africanos era natural, com base na passagem bíblica em que Canaã, filho de Noé, embriaga-se e é condenado à servidão (Gênesis 9,25).
A partir do século 18 e principalmente no século 19, as explicações bíblicas dão lugar a argumentos científicos. Os pesquisadores associavam os traços físicos de cada raça a atributos morais para tentar eliminar características indesejáveis. Um deles foi o conde francês Joseph Arthur de Gobineau, que em 1855 concluiu que a miscigenação causa a decadência dos povos e que os alemães eram uma raça superior às outras. Um de seus discípulos foi o médico brasileiro Raimundo Nina Rodrigues, para quem os rituais de candomblé eram uma patologia dos negros.
Apesar de essas teorias terem caído em total descrédito no século 20, o tipo de discriminação que elas pregam permanece vivo em muitas pessoas. É uma ideologia que se reproduz facilmente e que está sempre ligada à dominação de um grupo sobre o outro, diz Kabengele. Ou seja, além de qualquer aspecto psicológico, o racismo tem motivos bastante práticos. Ele é um sistema de levar vantagens sobre outras pessoas e manter privilégios, afirma a psicóloga Maria Aparecida Silva Bento, coordenadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert).
O Brasil é racista?
Muito, mas demoramos para perceber. Durante bastante tempo, acreditou-se que o Brasil era uma democracia racial. Cronistas do século 19 chegaram a dizer que a escravidão por aqui era mais branda do que o trabalho assalariado na Inglaterra. Da mesma forma, o índio brasileiro não teria sido conquistado nem derrotado, mas sim incorporado à nação. A idéia ganhou força nos anos 30, inspirada pela obra do sociólogo Gilberto Freyre, para quem não havia no Brasil distinções rígidas entre brancos e negros e a discriminação era social, feita aos pobres.
O mito começou a cair a partir do final da década de 60, quando se descobriu que o Brasil não só tinha preconceito em relação aos pobres o que em si já é terrível como a discriminação era especialmente dirigida a negros, pardos e índios. Os dados sociais mais recentes mostram a força das diferenças raciais no Brasil (leia tabela). Mesmo quando se comparam pessoas da mesma região, sexo, idade e educação, os negros têm desvantagens no mercado de trabalho, diz a socióloga Luciana Jaccoud, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). Ela é uma das autoras de um estudo publicado no ano passado que mostra a extensão dessas diferenças. Mesmo quando existem dados favoráveis, como o aumento do nível de ensino na população brasileira, a distância entre negros e brancos permanece constante. Essas pesquisas ajudaram a derrubar um outro mito: o de que a pobreza dos negros é apenas um resquício da época de escravidão.
É verdade que o passado de servidão colocou a maioria dos negros em uma classe social baixa, mas desde então já houve tempo para que a diferença diminuísse. Isso não acontece porque os negros não têm as mesmas oportunidades que os brancos.
Se o racismo é tão forte, por que a imagem de que éramos um paraíso racial durou tanto tempo? Existem vários motivos. O primeiro deles é que no Brasil a mestiçagem foi muito intensa. O colonizador português não era avesso à miscigenação, o que ajudou a criar aqui um grau de mistura gênica inusitado em qualquer população do mundo, afirma o geneticista Sérgio Pena, da UFMG. Em um estudo publicado no ano passado, Sérgio mostrou que, por baixo da pele, as características do brasileiro são muito misturadas. Um branco do Sudeste ou do Nordeste do país, por exemplo, possui em média 30% de genes com origem nos povos da África. Já nos negros, o número de genes africanos é apenas um pouco maior: 55%. Na aparência, entretanto, as pessoas continuaram a parecer brancas e negras, com traços como cabelo encarapinhado, nariz largo e pele escura sempre andando juntos.
Enquanto os genes se misturavam, parece ter havido uma seleção para que a aparência permanecesse igual. Isso significa que as pessoas no Brasil tendem a escolher cônjuges da mesma cor que elas, afirma Sérgio. A discriminação não era feita pela origem familiar, mas sim pela aparência (leia box). Mesmo em uma família negra, os filhos de pele mais branca casaram com brancas e amenizaram a discriminação. Ou seja, os genes africanos e indígenas tiveram ascensão social, mas as pessoas de pele negra continuaram pobres.
A longevidade do mito da democracia racial também tem a ver com identidade nacional. No início do século 20, o Brasil possuía várias colônias de imigrantes, ligados mais às suas regiões de origem do que ao Brasil. Havia a necessidade de unificar o país em uma mesma cultura e dar a ele uma origem e uma tradição. Foi o que tentaram fazer o modernismo da Semana de 22 e a Revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas. O Brasil começa a pensar em si mesmo como uma civilização híbrida, miscigenada, capaz de absorver e abrasileirar as manifestações culturais de diferentes povos que para aqui imigraram. A idéia era que os brasileiros constituíam uma só raça, um povo mestiço, afirma Antonio Sérgio, da USP. Na realidade, essa idéia de que somos um caldeirão de raças e culturas em harmonia impediu que negros e índios denunciassem o racismo e requisitassem melhores condições. Ou seja, a imagem do preto e do nativo tiveram aceitação, mas as pessoas de pele negra continuaram pobres.
O resultado da crença de que não temos racismo foi, de acordo com muitos cientistas, um dos piores tipos de racismo que se conhece. A forma mais eficiente de reforçar o preconceito é achar que ele não existe, que é natural, diz Luciana Jaccoud. O nosso problema não está em lutas sangrentas entre brancos e negros, mas em detalhes do dia-a-dia. Sempre que vou ao restaurante com uma amiga branca, o garçom entrega a conta para ela, afirma a psicóloga negra Maria Aparecida, do Ceert. Está em todo lugar: o diagrama do corpo humano na aula de anatomia é branco, as modelos nos outdoors, os diretores de empresas e os políticos também são. Há uma cota implícita para branco em tudo. Até o Tarzan, um herói africano, não é negro, diz Maria Aparecida. Ela afirma que, em pesquisas, as pessoas respondem facilmente o que é ser preto ou pardo, associando-os a termos como preconceito e dificuldades, mas gaguejam ao responder o que é ser branco é ser normal ou não ter que pensar sobre isso.
Para piorar, o racismo muitas vezes se mistura à discriminação por origem ou cultura, como a praticada contra nordestinos em cidades do Sul e Sudeste.
Uma das principais formas de difundir esse preconceito está nos meios de comunicação, que não raro retratam os negros em posições inferiores. Esse quadro recentemente começou a apresentar mudanças, não porque o negro foi mais respeitado, mas pela chegada de programas e filmes estrangeiros em que atores não-brancos são mais comuns. O negro no Brasil tem espaços sociais bem definidos, afirma o antropólogo João Baptista. Um idéia bastante difundida é de que são bons no futebol e na música. O mesmo espaço, no entanto, não é dado em cargos de diretoria e outras posições de poder.
Qual é a solução?
Existem várias propostas. Para o antropólogo negro Paul Gilroy, da Universidade de Yale, Estados Unidos, considerado um dos intelectuais de maior destaque na atualidade, o conceito de raça deveria simplesmente ser abolido. Ele afirma que esse termo é uma categoria falsa, criada com fins discriminatórios, que não traz avanços nem faz sentido no mundo de hoje, em que a busca das empresas por novos mercados até valoriza a identidade negra. A idéia causou muita polêmica e talvez não se aplique à realidade brasileira, em que a cor da pele ainda gera preconceito. Muitos acham que, enquanto o racismo não acabar, não é possível abandonar a idéia de raça.
As principais propostas para vencer o preconceito estão agrupadas em uma categoria chamada ações afirmativas. Essas políticas reconhecem que existem grupos com menos oportunidades e, para que tenham as mesmas chances, oferecem a eles alguns privilégios até que o problema se resolva. Já existem no Brasil algumas leis afirmativas em relação a mulheres e a deficientes, mas as políticas em relação a negros só agora dão seus primeiros passos. Auxiliar mulheres não fere os interesses de ninguém. Elas são filhas, mães e irmãs de todo mundo. Já os negros são uma competição de verdade, diz o sociólogo Antônio Sérgio.
Entre os exemplos de políticas afirmativas estão estabelecer metas para aumentar a presença de negros em empresas ou em cargos de chefia, fixar um número mínimo de atores não-brancos em comerciais e programas de televisão, dar preferência a candidatos pretos e pardos em caso de empate em processos de seleção, privilegiar firmas que tenham mais negros entre seus funcionários ou registrar as terras remanescentes de quilombos.
O ponto mais polêmico está nas cotas em vestibulares. Os defensores afirmam que elas funcionam: nos Estados Unidos, por exemplo, a classe média negra, que era quase inexistente, aumentou consideravelmente por meio dessas políticas. Os críticos, por sua vez, falam que a solução é melhorar o ensino médio e fundamental gratuito e, de quebra, auxiliar a população de baixa renda. Essa estratégia funciona, mas talvez demore. Estudos mostram que se por um milagre as escolas públicas básicas se tornassem hoje tão boas quanto as particulares, seriam precisos mais de 30 anos para resolver as desigualdades entre pretos e brancos. Além disso, o ensino básico já foi bem melhor e não ajudou a população negra, diz Kabengele.
Outra crítica é que a autodefinição é o único critério que existe para definir pretos e pardos, o que em teoria permite a qualquer um se aproveitar dos benefícios. É possível que ocorram fraudes, mas acredito que elas serão raras. Seria até engraçado ver todos se dizerem negros, diz Maria Aparecida, do Ceert.
As cotas, no entanto, estão longe de ser uma solução definitiva. Elas resolvem apenas a inclusão do aluno na universidade, sem garantir que ele irá para os cursos mais valorizados e que terá condições de se formar neles. Também criam o estigma de que os alunos não-brancos são menos qualificados um motivo que leva muitos universitários negros a se posicionarem contra as cotas. Por fim, rompe com o princípio de seleção por mérito. Existem alternativas para alguns dos problemas, como doar bolsas para que alunos negros tenham o mesmo preparo dos brancos ou criar cursinhos voltados para eles.
As ações afirmativas, no entanto, são apenas parte da solução. É preciso também punir as manifestações de racismo, garantir que crimes cometidos por negros não sejam julgados mais severamente nem que eles virem alvo de violência policial. Também é importante incluir o negro em propagandas, livros didáticos e manifestações artísticas. Para coordenar essas ações, o governo federal inaugurou no mês passado a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial. Se as medidas derem certo e pudermos ver pessoas de várias origens e cores em todos os espaços do país, então poderemos dizer que vivemos uma democracia racial e, quem sabe, esquecer definitivamente que raças humanas existem.
História em Branco e Preto
1492 - Novo mundo
As expedições pela América e África levam os europeus a conhecer povos diferentes, que eles não hesitam em escravizar, criando um intenso comércio de negros no Atlântico
1537 - Papa Paulo III
Para os exploradores do Novo Mundo que chegavam ao Brasil, os índios eram seres desalmados, que poderiam ser usados para qualquer fim. Isso só mudou em 1537, quando o papa Paulo III editou uma bula afirmando que os índios descobertos na América tinham alma
1695 - Zumbi
O líder do Quilombo dos Palmares, o principal esconderijo de escravos foragidos, é morto por tropas de bandeirantes. É nomeado herói nacional em 1995
1758 - Carolus Linnaeus
Cria um sistema de classificação de todos os seres vivos, das bactérias aos elefantes. Os humanos aparecem divididos em quatro raças, com a branca acima das outras
1855 - Arthur Gobineau
Escreve o Ensaio Sobre a Desigualdade da Raça Humana, considerada a bíblia do racismo moderno, onde defende que a miscigenação é a causa da decadência das nações
1866 - Ku Klux Klan
Surge a Ku Klux Klan, um marco da intolerância racial nos EUA, que promovia assassinatos e atos terroristas contra negros. Continua a existir até hoje
1868 - Philip Sheridan
General autor da frase índio bom é índio morto, que ilustra o genocídio de milhões de índios promovido por desbravadores norte-americanos durante a marcha para o oeste
1888 - Abolição da escravatura
A princesa Isabel assina a Lei Áurea, que põe fim ao regime escravista, já em decadência com o fim do tráfico negreiro, em 1850, e com o retorno dos soldados negros da Guerra do Paraguai (1865-1870), que, vitoriosos, se recusam a voltar à servidão
1899 - Cesare Lombroso
Criminologista italiano famoso por tentar relacionar certos traços físicos a tendências criminosas. Fez discípulos em todo o mundo. No Brasil, seus seguidores estudam os crânios de Lampião e de Antônio Conselheiro para explicar suas atitudes
1934 - Adolph Hitler
O governante nazista comanda a morte de 6 milhões de judeus. O objetivo era eliminá-los da Europa e abrir caminho para a criação de uma raça alemã superior a todas as outras
1948 - Apartheid
A África do Sul cria um regime de segregação entre brancos e negros. Ruas, bancos de praça e até os banheiros eram de uso exclusivo de cada grupo
1964 - Martin Luther King
O líder negro ganha o Prêmio Nobel da Paz e morre dias depois com um tiro no rosto. Entre suas conquistas está a liberação do acesso a lugares públicos aos negros
1965 - Malcom X
Morre assassinado o líder muçulmano americano que acreditava que os negros eram superiores aos brancos e defendia a criação de um estado autônomo para eles
1984 - Desmond Tutu
O primeiro arcebispo negro da história ganha o Prêmio Nobel da Paz. Direcionou a igreja anglicana a tomar posição contra o apartheid na África do Sul
1991 - Rodney King
Motorista negro espancado por policiais em Los Angeles, Estados Unidos. A absolvição dos agressores gera protestos que levam à morte de mais de 50 pessoas
1994 - Nelson MandelaDepois de 28 anos de prisão, é eleito o primeiro presidente negro da África do Sul. Tornou-se mundialmente conhecido pela luta que travou contra o apartheid
Brasil dividido
Negros e Pardos
Porcentagem da população - 46%
Renda per capita média - 205 reais
Taxa de analfabetismo - 18%
Média de anos de estudo - 4,7
Status do emprego em relação ao dos pais
Ascendente - 43,9%
Igual - 42,6%
Descendente - 14,4%
Probabilidade de...
...Ser pobre - 48%
...Ser desempregado - 7%
...Não ter carteira assinada - 17%
...Ser empregador - 3%
Brancos
Porcentagem da população - 54%
Renda per capita média - 482 reais
Taxa de analfabetismo - 8%
Média de anos de estudo - 6,9
Status do emprego em relação ao dos pais
Ascendente - 52,5%
Igual - 33,1%
Descendente - 13,5%
Probabilidade de...
...Ser pobre - 22%
...Ser desempregado - 6%
...Não ter carteira assinada - 12%
...Ser empregador - 7%
Negros do Norte e do Sul
Assim como o nosso país, os Estados Unidos receberam escravos. Entretanto, eles foram mais extremos: não só tiveram a Ku Klux Klan como tiveram Martin Luther King. Afinal, o que há de diferente entre o nosso racismo e o deles? Os brancos americanos são mais radicais: qualquer pessoa que tenha ao menos um ancestral negro é negro. Mesmo que uma pessoa seja considerada branca, ela pode ser reclassificada se descobrirem que tem um parente negro. Não existem pardos para os americanos, afirma o antropólogo Kabengele Munanga, da USP. Já no Brasil, o preconceito é baseado mais na cor da pele e em outros traços físicos. Um clássico das nossas manifestações de racismo é o requisito de boa aparência nas ofertas de emprego. Temos também uma enorme quantidade de classificações raciais em uma pesquisa feita em 1963, os 100 habitantes de uma vila de pescadores do Nordeste usaram 40 termos nas autodeclarações de cor.
Cada estilo tem suas conseqüências. O racismo americano criou uma solidariedade entre negros e pardos e, por ser mais evidente, exacerbou as lutas raciais. Um negro que ascendesse socialmente assumia o compromisso com os membros de sua etnia. Nas décadas de 50 e 60, esse conflito levou a ações que combatessem a discriminação, em alguns casos com política de cotas. Já no Brasil, a diluição da questão racial dificulta a união entre os não-brancos. É comum o negro que ascende socialmente romper o contato com os outros de sua classe para se preservar. Ele também se torna rigoroso com a família e com a moral para manter a respeitabilidade, diz João Baptista Pereira, da USP. É um racismo pouco assumido, que pressiona os negros e evita que eles se mobilizem. Martin Luther King teria dificuldades muito maiores por aqui.
Para saber mais
NA LIVRARIA
Classes, Raças e Democracia, Antonio Sérgio Alfredo Guimarães, Ed. 34, 2002
Genes, Povos e Línguas, Luigi Luca Cavalli-Sforza, Companhia das letras, 2003
Homo Brasilis, Sérgio D.J. Pena (org.), Funpec-RP, 2002
Psicologia Social do Racismo, Maria Aparecida Silva Bento (org.). Vozes, 2002
A História da Humanidade, Steve Olson, Campus, 2002
NA INTERNET
www.ipea.gov.br
www.ceert.org.br
www.palmares.gov.br